10/07/08




Mas fui feliz.
Puseram a mão nesta mão.
Não me apagaram o choro da orfandade,
mas fui feliz.

Nada pedi
- o som da bica ouço,
o mesmo que irá comigo à morte
e esteve sempre no meu dia antigo,
e sabe o que eu queria -
mas fui feliz.

Fui pranto de outros olhos.
Fui feliz.

Senti o afago
entre o peito e a pele da camisa.
Fui feliz.


Alberto da Costa e Silva, Poema 3 do Ciclo "As linhas da mão",
In "Melhores Poemas", seleção André Seffrin, Ed. Global,
São Paulo, 2007.