26/07/08

         " Frequência "


O teu número de telefone martela-me na cabeça
um ressoar ligeiramente agitado. Está em tudo
o que faço, impõe-se enquanto leio
enfia-se por baixo das palavras enquanto
escrevo.
E se o deixar um momento à solta
corre então para o telefone e liga
para que a tua casa vazia ressoe
um som que ninguém ouve. Talvez
uma chávena vibre com ele se o tom
atingir a sua amplitude.
Quando muito estala uma jarra.

Judith Herzberg, do livro "Botshol" (1981) In
"O que resta do dia", Ed. Cavalo de Ferro, p 119.