Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada.
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro), Poema XVI de "O Guardador
de Rebanhos" In Obras Completas de Fernando Pessoa - Vol. III,
Ed. Ática, Lisboa, 1974, p 42.
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