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"Os Pássaros Diários"
Quando os pássaros abrem a manhã
ou entardecem nas árvores as nossas praças,
abre-se um lugar dentro do peito
que desconhece as regras do tempo,
aí erguendo a casa
e esperando serenamente
o que nunca saberemos
sobre o que a morte possa ser.
Até que partam um dia
para o mais velado coração,
guardado em nós
como a noite mais longa,
fechado em nós
como a memória mais pura.
Pompeu Miguel Martins, "Do Intangível", Editora Labirinto,
Fafe, 2008, p 39.
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