20/11/12

" e penso: não somos a soma do que julgamos saber e sim o indício de uma voz oculta. "

                                   ft. Teresa Bonito


 
 
subtraio-me ao desperdício das falas como quem transgride um guião absurdo. remeto-me ao cerne da língua. à firmeza das margens que armam a lucidez e estancam a solidão. por cada quarto escuro acendo uma luz de presença. escuto o álibi do vento na lâmina instável das vozes e surpreendo esgares dissimulados. sigo a tactear as linhas e os pontos. os vincos e as frestas. é sempre por fora das palavras que ouso o trajecto espinhoso do silêncio. a busca da fala que é retorno da transparência. fronteira onde a pele descarna e se perfila a face triste dos anjos. e penso: não somos a soma do que julgamos saber e sim o indício de uma voz oculta. não existe linguagem convergente. apenas um movimento constante de exílio. o que nos falta transborda do silêncio das mãos.
 
 
                                                                      Maria José Quintela ( Inédito )
 
 
Nota - os meus agradecimentos à Teresa Bonito e à Maria José Quintela por me terem autorizado a publicação destes trabalhos inéditos.
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