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E agora, digo-vos adeus.(...) Éreis a única criatura frente à qual eu me considerava culpado, mas escrever a minha vida confirma-me em mim próprio; acabo por vos lamentar sem me condenar severamente. Atraiçoei-vos; não vos quis enganar..(...) Tendo sido incapaz de viver segundo a moral comum, procuro, pelo menos, estar de acordo com a minha: é no momento em que se rejeitam todos os princípios que convém munirmo-nos de escrúpulos. Havia tomado convosco compromissos imprudentes que a vida viria a contestar: peço-vos perdão, o mais humildemente possível, não por vos deixar, mas por ter ficado tanto tempo.
Yourcenar, Marguerite. Alexis ou Tratado do Vão Combate. Lisboa: Difel Editorial, 1988 - p 102.
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