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" O Prazo de Nero "
Não se preocupou Nero quando ouviu
o vaticínio do oráculo de Delfos.
" Teme os setenta e três anos ".
Tinha ainda tempo para gozar.
Tem trinta anos. Mais do que bastante
é o prazo que o deus lhe dá
para tratar dos perigos futuros.
Agora vai regressar a Roma cansado um pouco,
mas excelsamente cansado desta viagem,
que foi toda dias de deleite -
nos teatros, nos jardins, nos ginásios...
Os entardeceres das cidades da Acaia...
Ah dos corpos nus o prazer antes de tudo...
Assim Nero. E na Espanha Galba
às ocultas reune as suas tropas e exercita-as,
o ancião de setenta e três anos.
Kavafis, Konstandinos. Os Poemas. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2005, p 153 ( Tradução: Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis).
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