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" Maravilhamo-nos com a vida "
Quando sorri, é pura estrela o sorriso,
mas fresco ribeiro se tenho sede;
pode a minha querida aos céus abrir-se,
que beijá-la só a mim se concede.
São seus cabelos ouro junto com breu,
bosques orvalhados seus olhos: frente
à sua porta deitar-me-ia eu
qual tapete, mas ela não consente.
Num canto das vozes o beijo se sela
e para as irmãs discorre, furtiva...
Pode o prado sonhar muita coisa bela -
é coração das ervas minha qu'rida.
Connosco à noite os beijos se vão embora
e pelo espaço do mundo em corrida
estendemo-nos os dois sob o céu da aurora
e só nos maravilhamos com a vida.
Attila, József. Antologia da Poesia Húngara. Lisboa: Âncora Editora, 2002, p 187 (tradução de Ernesto Rodrigues).
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