(Nota: a quadra de raiz popular, e alicerçada na oralidade, é vulgarmente menorizada por certos autores e estudiosos com tudo o que isso implica de ocultação de aspectos ligados ao social, ao histórico-político e até ao linguístico. A tudo isso acrescenta-se a importância de escritores do género que, pelo seu valor - como é o caso de António Aleixo - , têm funcionado igualmente como elemento intimidatório ao cultivo deste tipo de poesia. No caso do poeta aqui presente - licenciado em Estudos Portugueses, variante Português/ Francês -, apesar de nunca perder de vista raízes estéticas alicerçadas no popular, podemos encontrar dele também outros textos para além da quadra, veja-se - por exemplo - um livro ainda não postado aqui: "Fragmentária Mente", de 2009.
As duas quadras deste poste inspiram-se no célebre soneto de Camões "Sete anos de pastor Jacob servia", as duas do poste seguinte referem-se, como é óbvio, a Miguel Torga.)
Eu serviria sete anos
Pra de ti ouvir um sim.
E outros sete serviria
Pra te ter ao pé de mim.
Tenho tanto pra te dar,
Se quiseres receber.
Umas asas pra voar
Umas pernas pra correr.
Barata, Manuel. Quadras Populares: umas sim, outras quase. Lisboa: Fólio Exemplar, 2012, p 16.
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