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" A Mellhor Oferta" de Giuseppe Tornatore com Geoffrey Rush (Virgil Oldman), Donald Sutherland e Jim Sturgess.
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Os sentimentos humanos são como a obra de arte: nunca se consegue distinguir o que neles é verdadeiro das falsificações bem conseguidas. Conseguir-se-á separar na amizade e no amor aquilo que neles é autêntico e verdadeiro do que aí não passa de mentira e mero logro? Não, não se consegue e Virgil Oldman, um leiloeiro bem sucedido que ousa amar uma jovem desconhecida e confiar num amigo, aprenderá essa lição à sua custa e com um alto preço. Nenhum homem maduro deve mostrar o seu tesouro à primeira jovem que insiste em amar, aliás, o Fedro de Platão já começava exactamente com este dilema, mas à tese do filósofo, o cineasta contrapõe os riscos que corre quem não sabe separar as águas, isto é, não há qualquer garantia para quem demonstre o que tem de mais valioso e se, mesmo assim, insiste nessa demonstração está por sua conta e risco: esta parece ser a lição que o realizador pretende fazer passar. Expor uma obra de arte, ou um sentimento, é sempre um convite ao roubo, à traição: roubar uma parede cheia de quadros ou atraiçoar um mundo interior não faz, para quem rouba, qualquer diferença. Um filme a não perder, uma lição a manter intacta. Excelentes interpretações com Geoffrey Rush no seu melhor. Não descurar também a grande música de Morricone.
André Téchiné, em Les Voleurs, e Woody Allen, em Match Point, já tinham andado à volta deste tema: Téchiné de um modo bem mais labiríntico, enquanto que Woody Allen e Tornatore com um rigor na caracterização psicológica das personagens, que eu considero perfeito.
André Téchiné, em Les Voleurs, e Woody Allen, em Match Point, já tinham andado à volta deste tema: Téchiné de um modo bem mais labiríntico, enquanto que Woody Allen e Tornatore com um rigor na caracterização psicológica das personagens, que eu considero perfeito.
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