" Queixume "
eu era o aliado do orvalho,
companheiro da generosidade,
amigo das gentes e dos espíritos.
foi minha mão direita generosa
na hora da dádiva
e letal açoite no dia do combate.
a esquerda segurava as rédeas dos corcéis
para me arrojar no meio das lanças.
hoje sou cativo,
refém da pobreza,
presa da doença,
frágil pássaro de asas rotas.
já não posso acudir aos que me gritam,
suplicando dádivas,
nem aos mendigos que me pedem pão,
conheceste-me alegre? só ficou a tristeza
das penas, desterrando a alegria.
este aspecto que ora ofende a vista
já foi deleite dos olhares argutos.
Al-Mu'Tamid in "Al-Mu'Tamid, poeta do destino ". Lisboa: Assírio & Alvim, 2004, p 143.
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Nota- Poema dedicado ao filho al-Rashid e escrito aquando do desterro em Mequinez, antes de ser enviado para os calabouços de Aghmât.
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