16/06/10

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"Plenitude Solar"


Quando eu era só
um quarto escuro e tu vieste, abrindo
de imediato as persianas, nenhum indício
me prevenira para a súbita abundância de luz.
Eu era só um quarto escuro, uma divisão esconsa
onde nem as crianças entravam à descoberta
dos espaços ocultos.

Quando tu vieste,
envolta numa luminosidade
de horizontes dispersos, fazia ainda frio
e tudo era inerte ou temeroso.

Como poedria eu, logo então,
partilhar contigo a plenitude solar?

Paulo Tavares in "Minimal Existencial", Artefacto, Lisboa, 2010, p 48.
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