16/07/10

"(...) car la crédulité jamais/ ne cesse d' être à la mode."

Kiki Dimoula publica o seu "Le Peu du monde" - em Atenas, claro! - em 1971. O livro "Je te salue Jamais" aparece em 1988 (em 1981 tinha feito sair uma outra obra), mas o que importa aqui é que em 1988 fazia três anos que o seu marido - e companheiro - morrera. Atentemos até ao título da própria recolha poética. Kiki vivera assim 32 anos com o poeta Àthos Dimoulas, de quem teve dois filhos. Mais tarde, numa biografia, escreverá mesmo que os seus "verdadeiros estudos superiores" foram os anos que passara ao lado de Àthos. Em "je te salue Jamais" é constante a referência à serenidade, acentua-se também o "diálogo com as fotografias" e é recorrente uma ironia, por vezes amarga, por vezes cínica. Em 1994 Kiki Dimoula ainda publicará um outro título significativo: "A adolescência do esquecimento"... Estamos, pois, frente a uma poesia marcada pelo movimento ininterrupto daquilo que É para o Não-Ser e vice-versa, muitas vezes mediatizado pela memória e pelo diálogo com as fotos, estas também dinânimas e a precisar de serem cuidadas. Kiki Dimoula virá a ingressar na Academia Grega das Letras em 2002.
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" Défense Aérienne"
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Le calme absolu en moi
met toujours ses pantoufles à tout hasard.
Des désirs logent à l'étage en dessous.
Bien sûr ils déclarent être sourds.
Les illusions déclarent être aveugles
mais elles te flairent te voient
derrière leurs lunettes noires
elles te mettent
à nu pour les avoir crues.
Tu ne les as crues. Elles t'émeuvent aveuglément
jouant leur musique assises
à l'un de tes fructueux passages ombragés
elles t'émeuvent aveuglément grattant
leurs vieux succès car la crédulité jamais
ne cesse d'être à la mode.
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Eh bien qu'ils gardent à tout hasard
leurs boules dans les oreilles
mes gestes prompts à s'émouvoir.
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En tous cas préférez les morts.
Préférez les morts
s'il vous faut prendre une erreur en pitié.
Eux du moins ne sont pas de passage.
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Kiki Dimoula in "Le Peu du Monde suivi de Je te salue Jamais", Éditions Gallimard,
Paris, 2010, p 143 (traduzido do grego para o francês por Michel Volkovitch).
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