14/05/11
"Nota de rodapé"
lâmpada baça por onde vem o silêncio
segregado e resfolegam os olhos.
faço-o de novo até muito tarde
e tu reclamas-me docemente, por entre
capítulos obscuros de papel pardo
e destroços de carvão.
às vezes distrai-me a asa de um queixume
o teu corpo sai a terreiro, como que a
defender o quinhão de lume que lhe pertence.
é tarde e tu respiras convulsionando
as minhas palavras, adormecida.
não cheguei a dizer-to, nunca chego
a dizê-lo. o amor é sempre tão de repente
João Ricardo Lopes in " reflexões à boca de cena", Editora Labirinto, Fafe, 2011,
p 44 (Edição bilingue: versão inglesa de Bernarda Esteves. Posfácio de daniel gonçalves).
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