06/11/08



DIAMANDA GALÁS, 2006


O amor é velho, senta-se
no escuro, prefere não saber
a medida do tempo. Um tempo
que nos encontrava vestidos
de nenhuma cor, partilhando
charros a desoras. O amor?

Talvez nem sequer fizesse
parte do nosso vocabulário.
Mas apenas ele nos chama,
às vezes, para tão perto
de nada. E aceitamos, claro,
essas mãos vazias, um grito
que consiga prolongar a noite.

Perdeu-se, no entanto,
a emoção. Só não me digas,
Benilde, que se fechou
para sempre a última porta.

Manuel de Freitas, In "Jukebox 2",
Teatro de Vila Real, 2008, p 13.
.
.