Sulcas-me o corpo
com relevos mil. Cercas-me
o olhar de alarmes
e brandura. Lavras-me
a alma com brilhos
e resplendor. De ti
nada sei, ó infrene duração
das coisas! Nada sei,
a não ser a clara razão
com que talhas o mínimo
acidente. Sulcas-me.
Sorves o que a teus pés insisto
e ponho. E se tudo
tudo me levares, deixa-me
ao menos a ousadia do sonho.
Victor Oliveira Mateus, In "Revista de Poesia Saudade", Nº 10,
Junho, 2008, p 58.
(Nota - esta revista tinha por tema " O tempo")
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