Imagem do filme "Bilitis" de David Hamilton
" Nocturno de verão"
Havia o verão, o medo de um círculo
fechando-se em torno de nós.
Cada sentimento era somente
a pobre descrição de uma
imagem. Descia a luz sobre nós,
e em nós se repetia o rumor das cicadas,
o milagre das casas muradas
a toda a possibilidade delinquente.
"Não persigas o limite", disse-te.
"Qual o lado interior da fronteira,
este em que segues, ou o que nos
espera do outro lado? Do interior
virá o erro e o precipício: portões
electrificados e, sem que dês conta,
cães farejando a má-sorte de incautos."
Havia o verão e as cicadas e o perigo
de nos perdermos numa cidade hostil.
Luís Quintais, In "Angst", Edições Cotovia,
Lisboa, 2002, p 48.
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