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"Canastrinha de Odeleite"
O cesteiro de Odeleite estava a acabar
uma cestinha de cana:
fiquei à espera
que a rematasse
a contemplar seus gestos precisos
firmes e eficazes
Quem me dera fazer assim
os meus versos!
Decidi: "É para a fruta
respirar bem". E comprei.
A cana ainda está meia
verde
quase ressuma seiva
e eu
trago para casa não só a vasilha para
os pêssegos que vou apanhar na minha
horta
mas também a tépida frescura da ribeira de Odeleite
suas densas águas mansas
leite de rãs e aloendros
e também o ramalhar
do canavial ainda verde
a dar de vaia
a algumas cobrinhas de água que por ali estejam
na conversa.
Cacela, 7/9/2000.
Teresa Rita Lopes (Inédito)
Nota - não consegui, informaticamente, manter o espacejamento
tal como a Professora Teresa Rita Lopes tem no seu manuscrito,
mesmo assim resolvi correr o risco... Há escritas às quais não resisto!
Aconselho também o delicioso conto de Teresa Rita Lopes na Antologia
"um rio de contos"... soberbo!
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