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(Ao mesmo padre, por querer saber
todas as ciências)
"Soneto"
Este padre Frisão, este sandeu,
tudo o demo lhe deu e lhe outorgou,
não sabe Musa, musae que estudou,
mas sabe as ciências que não aprendeu.
Entre catervas de asnos se meteu,
entre corjas de bestas se aclamou:
aquela Salamanca o doutorou,
e nesta Salacega floreceu.
Que é um grande alquimista, isso não nego,
que alquimistas de esterco tiram ouro,
se cremos seus apócrifos conselhos,
e o Frisão as irmãs pondo ao pespego (1),
era força tirar grande tésouro,
pois soube em ouro converter pentelhos.
Gregório de Matos in "Melhores Poemas" (Seleção e fixação de texto: Darcy Damasceno),
Global Editora, São Paulo, 2000, p 20.
- (1) Pondo ao pespego - prostituindo.
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