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" De Noite"
Quando me deito e mais a minha dor,
Minha noiva-fantasma, e em derredor
Do meu leito a penumbra se condensa,
Faz-se em meus olhos uma luz imensa,
E parece-me o Reino espiritual.
E ali, despido o hábito carnal,
Tu brincas e passeias, não comigo,
Mas com a minha dor... o amor antigo.
A minha dor está contigo ali
Como outrora eu estava ao pé de ti.
Se eu fosse a minha dor, com que alegria
De novo a tua face beijaria!
Mas eu não sou a dor, a dor etérea...
Sou a carne que sofre, esta miséria
Que no silêncio clama!
A sombra, o corpo agonizante, o drama...
Teixeira de Pascoaes in "Obras Completas - IV Volume", Livraria Bertrand,
Amadora, 1974, p 226.
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