Sobre os écrans, o poeta há-de verter poemas.
De tudo sabe um pouco,
havendo, ainda, tudo o que adivinha
em seus fulgores de génio e de duende
à deriva no mundo. As mãos levanta
acima da cabeça, com os pés soterrados
pela greda, enredado em escórias,
que, aonde quer que vá, sempre o sitiam.
Com tinta permanente e com ácidos
não pode mais fazer que exorcismar
o que em si há de mais pungente
na rota dos algares e das serpentes.
De pé, espera, a atravessar a noite
que perscruta.
Baptista, Amadeu.
Atlas das Circunstâncias. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2012, p 30.
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