oiço-te a respiração; é leve como a
de um pássaro em sono descuidado
os olhos, fechados, guardam a luz
perene, intensa, com que acendes
as auroras do mundo
o peito, num arfar ritmado de serenidade,
é o escrínio inviolado dos meus afectos
vigilantes
o umbigo assinala
um viveiro de pérolas cativas
a noite é longa na alvura do linho
onde repousas
nada é urgente ou repetido,
nenhum relógio tange os ponteiros agressivos
do dever
olho-te em silêncio e sou feliz
Cláudio Lima In " Maçã pra Dois", Ed. Tartaruga, Chaves, 2001, p 14.
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