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Azul que em azul te desdobras.
Cerco de baías. Moldura de espuma.
De penhascos afagados pelo vento.
É na linha do fogo que te desenho,
ó insubmissa de vagas e fulgores!
É em ti que me renovo, Cítera,
a dos amores. E por ti diariamente
renasço, ilha que em ilhas
te desdobras, onde me apoio
e urdo a teia que sempre refaço,
com o Cabo de Maleia ao fundo;
lâmina apontada ao meu peito
lasso. Aqui me fico, envolto em
algas e sargaço. Azul que em azul
te desdobras das chaminés das casas
ao dúctil reflexo do horizonte;
percurso onde sempre me busco
e busco do ser sua nítida fonte.
Victor Oliveira Mateus In "A Irresistível Voz de Ionatos", Editora Labirinto,
2009, p 11 (Posfácio de Cláudio Neves e texto da contracapa de Olga Savary).
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