02/04/10

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"Poema XXXVII"

Nunca sabemos o nome dessa constelação
que nos cega. Como sonâmbulos, tateamos
o rumo dos meteoros, o luzir dessa sílaba
a amadurecer nossa humanidade. Jamais
conhecemos o segredo desse horizonte
que nos fecunda. Sem roteiros, sem mapas,
erramos por entre noites de profundo silêncio.
Nessa caminhada, sem paradeiro, sem itinerário,
as surpresas tatuam em nossos ombros
a fulguração das galáxias mais altas. É nossa
eterna sina talhar nos sonhos a rutilância
dos astros esquecidos. Nunca ouvimos
o acorde dessa estrela que nos esculpe.
Somente os milagres nos guiam, sempre,
rumo às nascentes de todas as palavras.

Alexandre Bonafim in "Sagração das despedidas", Biblioteca 24x7,
São Paulo, 2009, p 50.
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