28/08/10

( O original deste poema que traduzi aqui, da autoria de Marta López Vilar, encontra-se na lista de autores deste blogue, no nome da autora.)
.
Já nada tento alcançar, nada se apresenta ante a minha porta.
Nenhuma juventude senti a não ser a tua,
nenhuma cidade, nenhum outono derramou
nas minhas mãos os filamentos da luz,
os mistérios do ar.
.
Contigo repousa agora aquele sangue em sonhos
derramado, a noite sem refúgio
com redes de ouro, o coalhado
perfume das papoilas nos teus lábios
enquanto eu contemplo a pátria destruída do teu corpo,
recém abandonado.
.
Contemplo o deus que me arrastou para a vida
jazendo agora na imensa sombra
do que jamais terei...
.
A morte abateu-se sobre o mundo, deus meu,
e nada pode já afastar este meu frio.
.
.
Nota 1 - ver o original na respectiva lista de autores.
Nota 2 - por várias razões, às quais não é alheia a Yourcenar, levei meses tentando ganhar coragem para traduzir este belíssimo poema.
.