" Poema 7. "
Com tuas mãos falantes é que me anunciavas
o piar das andorinhas e dizias o desenho
do relógio de sol. Como se eu entendesse
as tuas viagens nos passos em redor da sala.
Foi preciso ver as asas saindo dos teus dedos
e a sombra da haste no declínio do dia.
Nessa hora os teus passos fecharam a viagem.
As tuas mãos perfeitas se fizeram arco
e eu pude divisar a rua que viveste
com cuidados maternos a afagar as ervas.
Para lá do arco, disseram os teus olhos,
eu havia de ter a minha luz e as pedras
brilhariam a iluminar esquinas e veredas
e a amplidão dos mares e a solidão dos versos
e sempre e sempre as andorinhas haviam de voltar
porque é nas tuas mãos que começam as aves.
Quitério, Licínia. Os Sítios. S/c.: Ed. Autor, 2012, p 14.
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