21/02/09




Quanto, quanto me queres?, - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora a luz do sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei, - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto In "Canções e Outros Poemas", Quasi Edições,
Vila Nova de Famalicão, 2008, pp 59-60.
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