18/02/10

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"20030407"
Petite histoire d'orphée au portugal
(A broken orgy of verbomania)
Mudada livremente para português
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1.
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Um dia em que orfeu acordou com a mosca
A mosca vai e acordou a musa
Que estremunhada de ralada disse:
Vade retro mosca-demo
Mai-lo orfeu que te carregue;
Ide lá ide lá
Lirar a outra freguesia!
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Orfeu bem mandado tomou a lira
E meteu-se co'a mosca no inferno:
Là-bas, je ne sais où, em francês de musa
Any where out of the world, em inglês de museu.
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2.
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Assim que o tejo encontra o estige
Que vai no verso correndo stix
A mosca salta pulga à orelha
Do velho sticadíssimo cerbereu
Cria das ceres e do teu
Que para bellum ao portão
De ródão arrojado
Não cuidava de ser cuidado.
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Ferocíssima besta - o cão
No comboio descendente
De palmela a portimão
Vinha a todos dando a trela
Uns pasmados outros no chão
Uns por verem nele o diabo
E os outros enfim então.
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3.
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Orfeu da conceição
Vindo em morro descaído
Caiu morto no samba
Acabado de chegar, caramba,
Ao carnaval de olhão.
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Dlim
Dlão.

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Jorge Fazenda Lourenço in "Cutucando a musa",
Relógio D'Água Editores, Lisboa, 2009, 41 - 42.
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