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"Lisboa"
esta é a cidade fantasma dos poetas
das portas negras onduladas
aonde as claridades nascem pretas
e as liberdades envidraçadas
esta é a cidade onde e donde
chegam e partem navios
e espreitam gatos pretos de olhos pretos
castrados frios
esta é a célebre cidade capital
e colchão de nosso nome
onde acordado
se ressona medo do medo natural
esta é a cidade onde cadáveres
dão vivas a cadáveres pelas ruas
Eduardo Olímpio in "Como Quem Leva ao Ombro a Vida Toda",
Editorial Caminho, Lisboa, 1986, 71.
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