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"Poema Vesperal"
Dizem que não tenho idade para estar cansado.
Digo que não tenho idade para estar cansado.
Mas eu estou irremediavelmente cansado...
Não sei se conheço ou não a Vida,
(Toda a gente diz que não, que é impossível...)
Contudo, estou cansado.
Representei
E cansei-me; e desatei a gritar tudo... toda a Verdade.
Febrilmente gritei, rasguei máscaras, cuspi máscaras...
Agora até disso estou cansado
E nem leio o meu Baudelaire... o Príncipe de Todos.
Experimentei "tomar alegria",
Ouvir danças bárbaras,
Ver danças bárbaras,
Grandes contorções modernas,
- Sabiam falso...
Mais tarde descobri morto aquele-menino-que-fui.
Chorei... tive saudades... ai!, puro menino saudável...
Cansei saudades e lágrimas também...
- Ainda procurei vibrar...
Vibrar!, vibrar!
Vibrou apenas minha carne
E até ficar axausta, também...
Estou muito cansado.
Só interessa ir para a cama
E dormir...
Dormir bem...
Cristovam Pavia in "Poesia", Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2010, pp 67 - 68.
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