17/06/13



Decerto isto a que amor chamamos
será o intervalo de outras coisas,
um nome novo para o mesmo nada
que tanto nos habita e tanto cala.

Amor, o amor, se existe, é tão somente
a falta súbita de outra palavra,
esse frescor de um mundo inonimado,
dele o terror que nos ficou gravado.

O amor, amor, nem busca nem encontro:
nossa impotência, aquele mundo afásico
em que tudo nos era novidade.

Amor, o amor, o primeiro crepúsculo,
primeira noite (que nem noite se chamava)
de um mundo que não tinha ainda despertado.


   Neves, Cláudio. Isto a que falta um nome. São Paulo: Realizações Editora, 2011, p 25.
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