17/06/13

 
 
 
     "  Lázaro  "


De minha aldeia fui para o deserto,
onde morei, não sei, dias ou meses,
fugi de meu nome e também de quantos
que por ouvi-lo à minha porta vieram.

Porém, onde só há silêncio e pedra,
nenhum sono me trouxe o sonho espesso
que não lembro, nem a Voz fendeu-lhe o ventre
nem me ergui de novo à luz crescente.

E a esta cidade que disseram vim
em demanda daquele cuja voz espero
diga-me a que do sonho despertei.

Mas soube aqui ele também morto e desperto.
De novo parto o mesmo, mas diverso,
que agora em busca desse outro igual a mim.


  Neves, Cláudio. Isto a que falta um nome. São Paulo: Realizações Editora, 2011, p 47.
.