16/06/13



Dentro da gaveta guardados criam raízes,
incorporam-se às fibras da madeira.
Os segredos envelhecem
entre a clausura das tábuas
e o perfume do tempo em decomposição.

Enquanto as lembranças dormem
o tempo engendra histórias.
Algumas - dramas doídos,
farpas a cravar a carne.
Outras - comédias triviais.

Se abrir a gaveta
destramo os enredos.
Deixo às traças
o inebriante prazer
de decompor
os poemas tecidos.


  Bucioli, Cleri Aparecida Biotto. Rume. São Paulo: Editora Intermeios, 2012, p 45.
.