25/12/10

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   "Homem-bomba"


O poeta é um terrorista.
Age tão obliquamente
que, para não dar na vista,
se declara indiferente

à economia e à política.
O leitor desavisado
recebe e espalha, sem crítica,
o texto contaminado.

E assim, atacando à sombra,
como um hacker sem pudor,
nos sabota esse homem-bomba
que chamamos de escritor.

Marco Catalão in "O Cânone Acidental", É Realizações Editora, São Paulo, 2009, p 40.
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