"Vivenda"
Na tarde, o calceteiro bate no granito.
Na noite, o mocho pia no silêncio.
E além destes ruídos, a água
escorre na bica do velho tanque.
Nos meus ouvidos, a minha vida
reparte-se entre outrora e tudo isto.
Entre um ouvido e outro, o centro
dos sons revive, porém não tenho
de reconhecer o que já vi ou vejo,
nem o que abandono. Sou livre
para a traição e o esquecimento
quando aqui estou.
Fiama Hasse Pais Brandão In "Cenas Vivas", Relógio D' Água Editores,
Lisboa, 2000, p 78.
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