01/09/10

"Poema"
.
Sabes quando choras
e o silêncio está dentro sem lágrimas?
.
Sabes quando morrem as árvores
e não podes fazer nada
e não tens posse de vida porque ela não te foi dada?
A não ser que as sabias ali e as vias de mãos sempre dadas
.
Sou agora assim como mutilada
de uma assombração inúmera desagregada à volta do pescoço
com duas mãos apertadas
.
Sabes quando choras
entre um pecado
uma fúria de raiva que não era precisa porque o tempo
que estava
não o vias
passava sem o teres de perto
.
Sou agora assim
presa com os nós dos dedos
ao chão
onde tuas astes e braços tombaram
.
Sabes?
Leva-me agora
não olho para o céu
fico calada
.
Inez Andrade Paes (Pré-publicação)
.