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" Como um vidro estalado "
Como um vidro estalado. A quem me ler
Não direi, já agora, se esta imagem
Vem serena dos ramos que perderam
As folhas contra o céu, ou se mastigo
Qualquer raiva escondida.
Como doendo, ou sendo, ou mastigando,
Sejam rendas aéreas, alma ferida,
Fecho, brusco, o poema onde não digo.
José Saramago in "Provavelmente Alegria", Editorial Caminho, Lisboa, 1985, p 62.
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