22/07/12

A natureza, as máscaras e o possível.


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O premiadíssimo Steven Soderbergh realizou em 1989 um "dos meus filmes": "Sexo, mentiras e vídeo" com Andie MacDowell e James Spader. A película era uma atenta e minuciosa reflexão sobre a natureza humana e a sexualidade com a sua dupla vertente de autenticidade e jogo. Em 1991 depois de ver o seu "Kafka", que detestei, cortei relações com a obra deste autor, sobretudo para manter a imagem que tinha do filme de 89,  
mas " Magic Mike" trouxe-me de novo ao Soderbergh inicial: Mike (Channing Tatum) stripper num clube feminino conhece Kid ( Alex Pettyfer) e acaba por o introduzir nos shows... mas eis que a (verdadeira) natureza humana nem sempre está à superfície: Mike, que nos parecia perverso e astuto, apenas quer conseguir dinheiro para vir a montar a sua empresa, enquanto que o antes ingénuo Kid, precisava apenas de um ligeiro abanão para que a sua verdadeira natureza viesse à tona, isto é, um deslumbrado com o dinheiro fácil e capaz de vender a mãe se lucrar algo com isso... Por entre corpos, sexo, pastilhas e álcool, tudo se complica com o aparecimento de Brook ( Cody Horn ) a lúcida e segura irmã de Kid. O mundo onde navega Mike e Kid cruza-se com o de Brook, mas ela nunca deixa que eles se misturem... De que modo revelarão estas personagens quem, e como, são?
 Esta ideia de que a natureza humana precisa apenas de um ligeiro sopro para que se mostre tal como é surge em várias cenas do filme, como por exemplo a da psicóloga (bissexual) amiga de Mike que com ele anda pelas noites, bares e discotecas, muitas vezes envolvendo-se ambos com a mesma mulher, contudo, mal a sua situação profissional fica resolvida, coisa que ela vê como subida de estatuto, logo se distancia do seu passado, ou seja, logo mostra a sua natureza, "indicando" a Mike o fosso que os separa, todavia - e porque a vida tem sempre a sua ironia - é essa ruptura com o ex-stripper que acaba por trazer a este algo bem mais importante do que "os monstros" da véspera.
Excelente direção de atores. Excelentes desempenhos (apesar de não ter gostado de Matthew McConaughey). Fecho bem estruturado e algo salvífico como em "Sexo, mentiras e vídeo ". Narrativa bem delineada e com encaixes muito bem feitos.
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