25/09/12


Era a minha avó quem matava os coelhos:
dava-lhe dois hábeis socos atrás das orelhas
e nem esperneavam.
Na porta da retrete, num prego saliente,
pendurava-os por uma pata traseira.
Despia-lhes a pele como quem despe uma camisola
e fica com a vida do avesso.
Os gatos a ronronar assediavam as pernas da minha avó.
O rabo alçado, ponto de exclamação.
Num pestanejar estavam abertos e amanhados,
cristos em sangue,
as peles azuladas já a secar no telhado da retrete.

  Assim, Paulo. Fânzeres: Lugar da Palavra Editora, 2011, p 38.
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