A poesia de Maria João Cantinho instaura-se
nesse solo onde a memória e a procura se interpenetram e entre si dialogam,
visando esse outro território onde a alma nos possa sobejar nesta
passagem que somos, e onde o olhar, límpido e de autenticidade cheio, se
apreenda como uma outra linguagem a
escrever-se no silêncio.
A simultaneidade com que o resplendor e o justo
equilíbrio deste processo metafórico se vai edificando – e onde podemos
encontrar aspetos da memória cultural (os
anjos de Chagall…), das inquietações metafísicas ( como tudo é sagrado e se renova…) e das partilhas
afetivo-passionais - faz-nos intuir que
a poesia de Maria João Cantinho transporta no seu seio uma intenção abrangente,
derradeira e marcada por um certa visão esperançosa do real, isto é, que a casa do humano possa ainda vir a
recuperar vida por entre os escombros da
memória.
Victor Oliveira Mateus
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