Apenas acrescento que ele, o meu pai, sabia
o sítio exacto donde brotavam os gomos do arco-íris:
era de debaixo das laranjeiras onde dormiam os gatos.
Parece inconciliável com as anedotas
travessas de Bocage que contava na taverna,
e no entanto era verdade que, mesmo antes
da chegada do arco-íris, já nós lá estávamos
de mãos estendidas para extorquir, com toda a fé das crianças,
a maior porção de cores e pintarmos um mundo só nosso.
Assim, Paulo.
Mão sobre os olhos. Fânzeres: Lugar da Palavra Editora, 2011, p 18.
.