22/09/12

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  " Marginalidade "


Subversivamente
o instinto me descomanda.

E a magia inconsciente
do meu corpo
é um jogo clandestino
de gestos sem eco.

Há um ritual divino
nas carícias sensuais
em que me invento.

Nada me torna inocente
dos meus próprios sentidos
quando solto
as linhas marginais
do pensamento
e me seduzo
com gostos proibidos.

Sempre são excessivos os desejos de quem sonha
a vida num momento.

A solidão é como o vento.

É nos olhos dos mendigos
que a noite se prolonga por mais tempo.

  Pires, Graça. Poemas Escolhidos 1990 - 2011. Lisboa: Ed. Autora, 2012, p 8.
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