13/09/12


   É frequentemente a vulnerabilidade dos homens que os leva a preferir uma vida a dois. Ficam tranquilizados; procuram simultaneamente uma mulher "segura", autónoma quanto às despesas e aos filhos, mas também desejam que ela dependa deles afectivamente, de forma a terem a certeza de que ela fique com eles.
   (...)Apesar de não o assumirem claramente, e independentemente da idade, os homens procuram preferencialmente uma mulher "feminina", o que para eles significa muitas vezes sexy, ou seja, sexualmente "boa" (...)
   Para lhes agradar, uma mulher também deve trabalhar. Teoricamente, a maioria dos homens deseja que a mulher tenha um emprego, mas, na prática, continuam a procurar mulheres menos qualificadas ou que desempenham funções menos prestigiosas. Os mais velhos ainda têm a expectativa que a companheira trate da casa e eduque os filhos.
   O esquema de casal tradicional é evidente nos sites de encontros onde alguns homens recentemente viúvos ou divorciados procuram a mulher que poderá substituir a esposa anterior, de forma a reencontrar uma confortável posição social, sair em casal, receber, voltar a ser normal.(...)
   A sociedade continua a preparar os rapazes para ocuparem um papel dominante e não duvidarem do seu poder, mas a realidade encarrega-se rapidamente de lhes demonstrar que esta postura não é sustentável. Todavia, têm dificuldade em aceitá-la, pois foram sendo censurados por revelar momentos de fraqueza e, muitas vezes, a raiva ou o ciúme, as únicas emoções que não aprenderam a controlar, são o único recurso de que dispõem.
   A nossa sociedade sobrevaloriza a eficácia e o sucesso e as próprias mulheres também continuam a aceitar que um homem se revele agressivo em determinadas circunstâncias. Em toda a parte, é preciso ser o melhor, sem olhar a meios para atingir os fins. Com o pretexto da competição, valoriza-se, em certas profissões, o cinismo. E se a mulher tem de ser "feminina", o homem, por seu turno, vê-se obrigado a viver de acordo com os preceitos da virilidade. No entanto, nem sempre é fácil viver com os estereótipos de homens fortes e poderosos e alguns homens apenas conseguem esconder as suas fraquezas pisando quem é mais fraco, nomeadamente a mulher.
(...) Esperam que a mulher, tal como esperavam da mãe, lhes dê amor, atenção e tempo; que ela perceba as suas carências, que esteja disponível só para eles. Porque não são capazes de estar sós depois de uma separação, muitos encontram rapidamente outra mulher e acabam muitas vezes por encontrar uma que, encerrada na armadilha do modelo cultural antigo, o aceitará.

  Hirigoyen, Marie-France. As Novas Solidões. Casal de Cambra: Caleidoscópio Edição, 2011, pp 44-48.
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