21/09/12

" Ou se é livre ou não se é livre. "



  Desde o momento em que o burguês detém um poder político, está alienado e toda a categoria… (…) Não se pode ser “muito mais livre”. Ou se é livre ou não se é livre.(…) É justamente a noção que é preciso tentar definir, que vos proponho que seja definida. Penso que um burguês que em parte tomou os poderes que os nobres detinham e os tenta assimilar não é livre; ele detém um poder sobre os outros, mas deter um poder sobre os outros é, precisamente, a definição da não liberdade. Se deténs poderes sobre os outros, condena-los a não serem livres e concomitantemente condenas-te a não seres livre. (…) Se um homem é livre, isso significa que ele detém um poder, mas este poder não deve ser, em caso algum, um poder de coerção. Numa sociedade cujos membros não tenham a possibilidade de se coagirem mutuamente, dado que são todos igualmente livres, teremos formas de poder que já não são o poder político, burguês ou socialista, tal como nós o conhecemos. É impossível, pois, que haja então nas instituições o que quer que seja contra os indivíduos.

 Sartre, Jean-Paul. Porquê a Revolta? Lisboa: Sá da Costa Editª, 1975, pp 320 – 321.
.