Não pronuncies a palavra esperança
ela está fora de ti é vã quando não sabemos
dos círculos que traçamos com o corpo
inventa um animal e dança com os passos
suspensos de todas as formas exactas, respira
se necessário cai, cai sem medo
o erguer recomeça sereno
anela os afectos sempre que tocares
uma árvore uma flor a água
envolve-te neles profundamente
como se Deus fosse a urgência do Amor
tudo o que sabes é um anel que cresce
sem que possas antecipar a ave
que vai migrando nos teus olhos
haverá um momento iminente em que estarás
por detrás do olhar sabendo
que o corpo é uma encruzilhada do tempo
nele os sinais modelam um mapa legado
em cada acto presente
colhe o futuro nesse momento
Rosa, Gisela Ramos. Tradução das manhãs. Póvoa de Santa Íria: Lua de Marfim Editª, 2013, p 23.
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