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"Veredas de Lúcifer"
Virulenta é a crise
de programada que foi
e orquestrada
para um tempo de expurgo e razia,
uma limpeza nos locais de trabalho.
É como o sexo dos anjos,
a que convém não atribuir sexo,
míngua do espaço nos orfanatos.
Somente carecia-se de bodes
expiatórios, de comadrio no empreendimento
e de novo centro atractor de toda
a riqueza.
Que fazer? com uma entidade angélica
pervertida na sua natural neutralidade,
afinal. Que fazer quando o desejo
colectivo é seguir igual, fingir
que não se chegou à orla do vulcão?...
quando impera a absoluta separação
entre as condições objectivas e as subjectivas,
quando o real se pauta pelos tablóides,
quando o tranbolhão está aí
amortecido. Ver, sentir tudo isto,
ser-se anjo, ser-se um anjo
excedentário, caído.
Paulo da Costa Domingos in " a escrita", &etc., Lisboa, 2010, p 42.
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