" - o contra senso "
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dizem que os poetas
descem as escadas argênteas e sabem.se a par e
passo
com os astros que gravitam
na placidez do afago de uma mão
dizem que
se movem em passos uniformes ditados pela lei da
gravidade
como as estrelas cujas constelações se igualam no
brilho e
se atraem na dança cúmplice do verbo
quais formigas que estabelecem comunicações
utilizando as antenas para conspirar
são pequenas partículas de um campo minado
onde as deusas e os demiurgos gostam de copular
ninguém se divide por zero -
afirmam os matemáticos
- quem sou eu para os desmentir?
um argopoeta que entra na dança para contradizer
os deuses
um contra senso
um arrepio exponencial que
tange a harpa de Thales
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em silentes acordes
concebidos a um ritmo incerto e numa só dimensão
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Gabriela Rocha Martins in "Livro de Cabeceira", IV Bienal de Poesia de Silves, 2010.
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Nota - As minhas desculpas à Gabriela, mas não me foi possível
colocar à direita o 1º e o 6º versos, tal como ela tem no original.
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