17/08/11

Acerca de ... ( III )

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Como um espia ou um detetive de afetos, abandonando-se num
tufo de metáforas, eis a periculosidade do poeta, especialmente
do poeta português Victor Oliveira Mateus. Nas asas da poesia,
Victor solta os pássaros e canta - e voa. De tudo se ocupa sua
poiesis: da pátria, sua terra e chão, o de hoje e o primitivo, do azul
do Tejo e outros azuis, mas fundamental são as pulsações da vida
e da morte, da memória, da infância (já não dizia Baudelaire que
poesia é a infância reencontrada?). Poesia deve ter carne, suor,
sangue, agonia e perplexidade, reflexão e prazer. Em seu novo
livro, Victor nos dá tudo isso, na medida certa. Aqui nada é ex-
cesso. Tudo é sóbrio, porém transborda emoção. Na batalhas
das raízes, buscando-se e buscando-nos nos abismos, esta mis-
teriosa poesia, rubro dragão a rutilar na escuridão, é toda luz, in-
trépido fulgor. Como tantos outros esplêndidos poetas portugue-
ses, Victor Oliveira Mateus atua em nós, seus leitores, com a
beleza clássica e moderna de sua lúcida poesia.
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   Olga Savary In contracapa de "A Irresistível Voz de Ionatos", Edª Labirinto, Fafe, 2009.
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