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" Caçada "
A minha primeira caçada aos gambuzinos aconteceu pelos
tempos em que eu andava ainda na escola. Convidaram-me
e explicaram-me. Até me ofereceram o saco conveniente e
necessário.
Excitado, preparei-me em casa. Treinei devidamente, em-
boscado atrás da porta, a tentar caçar experimentalmente o
meu pai, que subia a escada. Pareceu-me que não gostou.
Os pais, não é... ?
Na noite da caçada, lá fomos. Eu entusiasmado, com a
lanterna e o saco apropriado. E também a moca que estava
atrás da porta, que há noite há ladrões, foi a justificação que
me veio à cabeça no momento. Todos concordaram.
Mas não me venham dizer que não há gambuzinos. Apa-
nhei três. Um deles parece-me que se chamava António André
e ficou coxo. Ainda está, creio. Uma fractura excelente, mesmo
pela rótula.
Tudo me leva a crer que a caça aos gambuzinos é realmente
importante. Temos que apanhá-los. Temos mesmo. Seja lá
como for.
Mário-Henrique Leiria in " Novos Contos do Gin ", Editorial Estampa, Lisboa, 1973, p 75.
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