" arte das passagens "
Deus que amas o anjo e a pedra,
a ortiga e o narciso
porque o diferente é melhor
que a monotonia do número igual
tu que dispões os nossos afectos
para a arte das passagens,
a anaforização do sopro
que a cada idade diz o seu ritmo,
o seu compasso, a sua pausa
dá a esta hora
a memória de todas as horas
e o alvoroço dos acontecimentos partilháveis
e em todo o tempo a nossa boca
anseie pelo teu Nome e a tua graça
Mourão, José Augusto.
O Nome e a Forma: poesia reunida. Lisboa: Pedra Angular, 2009, p 181.
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